quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fantasma


Quem não tem histórias que gostaria de esquecer? Quem não já teve o coração partido e tentou essas lembranças em algum lugar profundo da memória, como cartas antigas dentro de uma caixa o fundo do guarda roupa? Quem nunca sofreu e achou que jamais sanaria tal dor?
Eu sei o que é sofrer de amor. E como sei. Meu coração já apanhou muito por causa de suas escolhas. Ele já sangrou a cada facada que levou. Eu já passei noites inteiras chorando escondida no meu quarto. Eu já passei horas debaixo do chuveiro lavando minhas feridas da alma com lágrimas. Eu sofri como uma condenada enquanto nem se importavam comigo ou riam de mim por ser tão tola e ingênua. Eu achava que jamais superaria. Eu tive recaídas e ainda as tenho de vez em quando. Eu achei que nunca mais amaria de novo.
Porém eu amei mais uma vez. Eu sequei as minhas lágrimas, eu dei as costas a quem me machucou. Eu me reergui como uma guerreira que não se cansa de lutar. Eu sobrevivi a todas as mágoas. Quando eu voltei a sofrer por alguém que não se importava, eu já sabia que iria doer. Por mais que fosse totalmente diferente, eu sabia que eu perderia noites inteiras chorando. Eu sabia que duraria muito tempo. Mas eu também sabia que passaria. Que uma hora essa tormenta teria fim. Que um dia eu olharia para isso como uma lembrança ruim. Eu sabia disso graças a você. Porque você me mostrou os dois lados do amor e o seu sabor agridoce.
Tu foste meu primeiro amor. Meu sentimento mais puro e honesto.  Minha primeira decepção. Minha primeira mágoa. Minha primeira ferida. Meu primeiro fantasma na gaveta. Minha primeira grande lição. Fomos água e gasolina que ousaram se misturar. Fomos um belo desastre de onde saí queimada. Sentiremos para sempre o eco daquela época quando nos encontramos, mesmo que neguemos um olhar. Somos estranhos conhecidos. E sempre seremos. Nunca apagaremos o que fomos um pro outro. Você meu grande amor. Eu mais um de seus troféus.

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