quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Devaneio de Duelo



Pobre alma essa que vos fala tão solitária envolta pelo silêncio ensurdecedor da noite fria e escura. Pobre coração mutilado pela espada de um guerreiro cruel e traiçoeiro. Ah, sangue que mana em rios percorrendo meu corpo maculado pelo ódio apaixonado, purifica-me. Se me tens como alvo do teu desprezo, desprezo-te então. Se não me olha nos olhos depois que me golpeia pelas costas como um covarde, defendo-me como uma guerreira amargurada. Se usares de ironia para causar-me uma dor mais aguda que a dor da vida, causarei assim a tua morte. Sim, morrerás tão insano em meus devaneios imerso em lágrimas negras. Não restará um só vestígio de que exististe sobre essa terra coberta da lama que vieste. Tu foste a sujeira na qual eu quis me banhar.  Tu foste o esgoto em que insanamente desejei me afundar. Tu foste a sombra que me envolvia em um manto negro pensamentos. Tu foste o limão amargo que esperei provar. Mas não serás mais. Nunca mais. Amo-te! Amo-te com todo o meu rancor, com toda a minha mágoa. Amo-me! Amo-me com toda a força do meu amor e com cada gota de sangue que parte de mim. Amo este amor, mas odeio esta dor. Louca? Eu? Não! Estou lúcida. Estou translúcida como a água. Pedes misericórdia? Se não pedes que seja feito. Tiro a minha armadura, desarmo-me. Não adianta dilacerar meu peito. Tens que arrancar-me a cabeça.

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